Histórico – IPI de Bocaina e nossa família
Meu nome é Eneida. Esta é minha prima Maria Silvia e esta é nossa prima, um pouco mais distante (de 3º grau), Célia. Pertencemos às famílias Rangel e Alvarenga, que no passado fizeram parte da história desta igreja e da cidade de Bocaina.
Meu pai foi irmão do pai da Maria Silvia, e nossos pais foram primos duas vezes do pai da Célia. Isso porque minha avó paterna Iracema de Barros Rangel, que também foi avó paterna da Maria Silvia, era irmã do avô paterno da Célia, Erasmo Pereira de Toledo, o qual foi casado com Adelina Alvarenga de Toledo. Esta Adelina, avó da Célia, era prima de Antônio Rangel Teixeira, meu avô, o qual foi casado com minha avó Iracema. Quer dizer, dois primos: Antônio e Adelina se casaram com dois irmãos, Iracema e Erasmo. Assim, Célia é nossa parente duas vezes.
É com grande alegria que participamos da reinauguração do templo da IPI de Bocaina. Peço licença para fazer uma pequena retrospectiva, relembrando um pouco da história desta igreja, e até da cidade de Bocaina. É muito bom e até necessário olhar para o passado, a fim de recordar as realizações de pessoas simples como nós, mas que deixaram exemplos que nos servem de lições até o dia de hoje. “A quem honra, honra.”
A antiga Congregação de Bocaina foi organizada em Igreja Presbiteriana Independente de Bocaina a 24 de fevereiro de 1904, pelo Rev. Francisco Lotufo. No ato de organização foram arrolados 65 membros da igreja. Dentre eles, muitos eram nossos parentes:
a) Theóphilo Bueno de Alvarenga e sua esposa Maria Rangel de Alvarenga (Theóphilo era tio-bisavô da Célia e Maria era tia-bisavó de Eneida e Maria Silvia; eles eram primos um do outro; Theóphilo serviu por muitos anos como presbítero nesta igreja);
b) Belisária de Alvarenga Rangel Teixeira (bisavó de Eneida e Maria Silvia, era irmã da Maria e prima do Theóphilo);
c) José Ignácio de Alvarenga e Idalina Júlia de Alvarenga (Idalina foi a segunda esposa de José Ignácio; José Ignácio foi bisavô da Célia; ele era irmão do presbítero Theóphilo; Idalina foi sua segunda esposa, a primeira foi sua prima Lydia, que era irmã da Belisária já citada; José Ignácio e Lydia foram pais da Adelina Alvarenga Toledo, avó da Célia; ele também era primo da segunda esposa, então Idalina também era prima da Belisária, da Maria e do Theóphilo. Importante: Adelina nasceu e se casou em Bocaina);
d) Manoel Bueno Rangel e Maria (na verdade Maria Honória) de Alvarenga Rangel (Maria Honória era irmã do presbítero Theóphilo e do José Ignácio, então também foi tia-bisavó da Célia; também era prima do marido, Manoel, e este foi irmão da Lydia e da Belisária, portanto tio-bisavô de Eneida e Maria Silvia. Manoel também foi irmão da Maria, esposa do presbítero Theóphilo);
Permitam-me fazer um parêntese aqui. Dentre estas pessoas citadas, Belisária de Alvarenga Rangel Teixeira, Manoel Bueno Rangel, Maria Rangel de Alvarenga (esposa do Theóphilo) e ainda a primeira esposa de Jose Ignácio de Alvarenga (chamada Lydia Rangel Alvarenga), foram todos irmãos do fazendeiro Vicente de Alvarenga Rangel, e filhos do Capitão Bento Bernardes Rangel, considerado fundador de Bocaina. O Capitão Bento assumiu a criação de vários sobrinhos, filhos de seu falecido irmão Joaquim, e por isso ocorreram esses vários casamentos entre primos: Maria, filha do Bento, casou-se com o primo Theóphilo; Manoel, filho do Bento, casou-se com a prima Maria Honória; Lydia, filha do Bento, casou-se com o primo José Ignácio, que em segundas núpcias casou-se com Idalina, também prima, filha de outro irmão do Capitão Bento.
Uma particularidade sobre José Ignácio de Alvarenga: ele era o sobrinho mais velho do Capitão Bento, e é considerado também fundador da cidade de Bocaina. Ele foi pessoa importante aqui na cidade e era conhecido como “seu Alvarenga Rangel”. Só que ele não tinha Rangel no nome, só Alvarenga. Mas esses dois sobrenomes eram muito comuns entre os parentes, e o apelido “pegou”. E “pegou” tanto, que hoje há aqui perto a Rua Alvarenga Rangel, paralela à Rua Capitão Bento Bernardes Rangel. O nome da rua é homenagem ao José Ignácio. Mas ele não tinha Rangel no nome, ele se chamava José Ignácio de Alvarenga!
Continuando, existem mais aparentados que fizeram parte do rol dos primeiros membros da IPI de Bocaina:
e) Gabriel Pereira Garcia e Brasilina Garcia dos Santos (Gabriel serviu por vários anos como presbítero; ele e sua esposa vieram a se tornar sogros de Alfredo Rangel Teixeira, tio-avô de Eneida e Maria Silvia. Alfredo serviu nesta igreja como diácono, e mais tarde tornou-se pastor. O Rev. Alfredo Rangel Teixeira, que nasceu em Bocaina, foi irmão de nosso avô Antônio Rangel Teixeira, também nascido em Bocaina, e era filho da Belisária, anteriormente citada. O Rev. Teixeirinha, como ficou conhecido, foi ordenado em 1915 e pastoreou as igrejas desta região, incluindo Bocaina, durante vários anos; ele sempre fazia questão de mencionar que era filho de Bocaina);
f) Augusto de Lima e Emilia de Magalhães Lima (Augusto também serviu nesta igreja como presbítero por vários anos; a esposa dele, Emilia, foi irmã de Lydia Ruth Pereira de Barros, que é outra bisavó de Célia, Eneida e Maria Silvia, pois foi a mãe de Iracema e Erasmo);
g) Arthur Garcia e Abigail de Magalhães Garcia (Abigail foi filha de um irmão da Emilia de Magalhães Lima e da Lydia Ruth, portanto foi prima da avó Iracema e avô Erasmo).
Nossa ligação de parentesco com esta igreja se faz, então, por parte dos avôs e das avós paternas das três.
Continuando a história da igreja: Em 1912 foi consagrado este belo templo, onde os crentes se reuniam para cultuar o nosso bendito Deus e anunciar a salvação em Jesus ao povo bocainense. Fico imaginando aquela gente simples, chegando dos sítios, por estas ruas sem asfalto, e se reunindo com reverência para entoar os hinos e ouvir o recado de Deus por meio do pregador, não esquecendo cada um de trazer a oferta que era dedicada cada semana a uma finalidade específica. Quanto significado havia naquelas reuniões tão singelas! Quanto amor ao querido Salvador, que tinha perdoado os seus pecados e agora os escolhera para serem cooperadores na obra da evangelização!
Ultimamente, tenho me deliciado lendo os Estandartes antigos, agora disponíveis pela internet. Aprecio principalmente ler os relatos centenários dos pastores, contando as visitas feitas às diversas congregações que compunham seus campos de trabalho, visitas feitas de trem (não há mais trem em Bocaina, há? Havia há cem anos!) ou a cavalo, às vezes debaixo de chuva, às vezes tendo de cruzar o rio Tietê. É uma leitura interessante, instrutiva, emocionante, desafiadora!
Continuando a história: Ocorreu, porém, que depois de alguns anos, muitas famílias que constituíam esta igreja se mudaram para outros lugares. Os nossos parentes foram para Bauru, Botucatu, Ibirá e outras cidades. Levaram a preciosa semente do Evangelho, e deram bom testemunho da fé evangélica por onde passaram. Mas a igreja de Bocaina sofreu com saída desses irmãos. O trabalho ficou diminuto. Até que a igreja voltou a ser Congregação. No site da 1ª IPI de Bauru há um resumo da trajetória da igreja, que não cabe repetir aqui.
Graças, porém, ao nosso bondoso Deus porque a obra é dEle, não nossa. Ele é soberano, onisciente e Todo-poderoso. Que bênção ver este templo reaberto quando ele completa 96 anos! No tempo de Deus, a obra de Deus se desenvolve da maneira que Ele quer. Graças a Deus pelos irmãos que hoje compõem esta igreja – adultos, jovens e crianças – e pelos líderes que Deus tem levantado.
Foi bom olhar para o passado. Aprendemos com ele. Porém agora é hora de olhar o presente. Deus coloca diante dos irmãos uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar. É a porta da oportunidade. Os campos estão brancos. “Rogai ao Senhor da seara que mande mais trabalhadores”. É também a porta do compromisso. É preciso permanecer firme, como o soldado, que de tudo se desembaraça para ir à luta; como o atleta, que em tudo se domina, a fim de ganhar o prêmio.
Mas como fazer isso? Só há um meio: “Olhando firmemente para Jesus, o Autor e o Consumador da nossa fé”. “Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele toda a Glória”!
Avante, irmãos!
Bocaina, 6 de setembro de 2008
Eneida Rangel Celeti – São Paulo/SP
Célia Souza Toledo – Campo Limpo Paulista/SP
Maria Silvia Rangel Dordetto – Sorocaba/SP